Uma Boa Conversa

Não há nada mais erótico que uma boa conversa, não é? E as nossas conversas tinham tanto efeito em ti.

 Não me acredito que fosse só do champagne, ou então da mistura com o tabaco que te deixavam louco. Mas as nossas conversas ajudavam imenso… Eram as melhores, admite!

 Eu gostava disso, aliás ainda gosto. Gosto da ideia de poder manipular o teu imaginário e fazer-te levar a locais que nunca foste, fazer o que jamais imaginavas - algum dia – fazer. Onde querias que te levasse, eu levava. Como se tudo tratasse de uma espécie de hipnotismo que erotizava tudo e mais alguma coisa. Como se de Álvaro de Campos, na sua "Ode Triunfal” – quando este erotiza máquinas de fábricas – nos tratássemos.

 Era isto. É isto que nos falta. Falar. Podem ser frases curtas, mas é isso que precisamos. Ou melhor, precisávamos.

 O amor já era bom, o sexo ainda melhor… Mas os dois juntos eram a combinação perfeita. Claro que contigo. Porque tudo se resumia a ti. Simplesmente tu, só tu e somente tu a correr-me a toda a hora pelo pensamento.

 Era por isso que gostavas tanto das nossas conversas? Do facto, de eu te poder fazer tudo só com a força das palavras. Mas, alguma vez te magoei? Sê sincero. Pensa bem na resposta.

 Tu usaste as palavras para me magoar. Violaste-me pensamentos e isso magoou-me muito. Não te conseguiria magoar tanto dessa maneira. Pensando bem, eu não te conseguia magoar.

Contudo, tu fizeste-o. E de que te valeu isso? Ao menos, retiraste algo de bom das nossas conversas? Conseguiste fazê-lo?

 Haverá mais algo que te dê prazer? Não há nada mais erótico que uma boa conversa, pois não?

 Não…

Rush