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Carta (Não) Endereçada

 Olá,

 Eu sei, até parece parvo. Estivemos juntos nem faz meia hora e já te estou a redigir uma carta. Acho até que ainda sinto o sabor do café quente que tomaste, assim que acordaste, nos meus lábios do beijo de “bom dia” que me deste.

 Mas o que é que queres? Não consigo evitar… É mais forte que eu. Desculpa… Não só pela carta, mas também pelo que sou. Admito que sou “complicado” ou… Talvez não. Ok, desculpa pela minha bipolaridade. Eu sei que, por vezes, te irrita. Desculpa o meu mau-humor matinal, o cabelo desgrenhado, os olhares tristes, os abraços inesperados, a carência eterna, a preocupação exagerada, o medo de te perder e de me perder, assim que te perca. Desculpa por estar sempre a dizer desculpa. Desculpa também por isso.

 Upps… Fi-lo de novo. Sou eu que te estou a escrever esta carta, conheces-me melhor do que ninguém e tu sabes o quanto importante isto é para mim – não só o facto de te escrever cartas (quase) todos os dias, mesmo dividindo a cama contigo, todas as noites, e sabendo que tudo o que escrever significa e é para mim. Não é só o ato por si só, mas tudo o que nele está envolvido. És um Ser Humano maravilhoso, um Ser que nunca serei. Um Ser que eu amo, cuido, mimo e prezo muito a relação que tenho contigo.

 As discussões – essas que tanto podem durar dias, como minutos, são vitais para Nós. Não fosse tudo um “mar de rosas”… Se o fosse, hoje, não éramos como somos. Não éramos Tu e Eu. Não éramos Nós. Para alguns, trata-se apenas de um pronome pessoal, mas para mim significa o Mundo.
Eu tenho que acordar. Agora sim, eu sei que tenho!

 Creio que irei sempre viver neste ideal utópico de que és real… Que sempre estiveste comigo e que nunca me abandonaste.

 Tenho que me convencer de que já não existe uma cama dividida, apenas uma de solteiro. Que o cheiro a café que sinto nos meus lábios, é apenas o meu cérebro e as memórias que nele guardo a “fazer das suas”; que tu não saíste de casa apenas há uns minutos, mas sim há uns meses e que eu não vivo sem ti. Tenho que me fazer acreditar que consigo (sobre)viver sem ti. Acordar todos os dias e sentir que sou autónomo ao ponto de acreditar que sozinho consigo ultrapassar esta mágoa. Enfim, ultrapassar-te.

 Até lá, vou continuar a escrever(-te), porque eu preciso disto. Preciso de ti.

 Foi bom escrever-te, mais uma vez.

 Espero que te encontres bem…

Com amor,

Rush


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