Tu voltas do
passado e assombras-me. És como um fantasma que de vez em quando me visita a
mente e se deixa ficar por lá… Como se ainda tivesses algum direito nisso.
Partiste-me o
coração e isso é impagável, porque se traduziu na perda de um grande amor que
eu tive e deveria ter. Não o teu, claro. Mas, o meu! O meu amor próprio que guardo
em mim e tento, todos os dias, lutar contra a sua perda.
Porém, fui
aprendendo ao longo do tempo que não podemos deixar de controlar a importância
que damos a duas coisas: às pessoas e às vivências. Às pessoas, porque elas marcam-nos
e aqueles que nos conheceram em algum ponto das nossas vidas, nos levam a que
sejamos quem somos, atualmente. E as vivências, porque essas sim – são as mesmas
que nos levam ao céu, mas num momento seguinte se não controlarmos a velocidade
da queda, podemos desvanecer-nos no chão.
Quando digo
que me partiste o coração, não te deixo as culpas a ti. Ou melhor, não só a mim.
Como é óbvio, contribuíste também para que tal acontecera. Contudo, aprendi a
ver que se te conheci foi por alguma razão. Fizeste com que a minha bagagem
aumentasse e pudesse guardar mais para mim e a saber partilhar com quem
realmente merece que seja partilhado. Fechaste-me uma porta, uma enorme por
sinal. Mas, isso fez-me abrir uma janela… E acredita, a luz que entra por essa
janela, em nada se compara à escuridão que a porta blindada que travava toda a
luz que poderia entrar.
Vejo o meu
coração partido, agora, com muitas janelas e postigos. Partiste-me o coração e
obrigado por isso. Neste momento, a luz que entra é muito maior do que aquela
que alguma vez teria entrado, se não o tivesses feito. Ele está desfeito em
pequenos pedacinhos que vou distribuindo a quem consegue sentir-se suficiente
com isso e não me pede por mais. Nem implora, nem pressiona, nem nada.
Os pequenos
pedacinhos que te falo, resultou não num coração apenas partido – mas sim, numa
multiplicação de amor. O amor que sentira por tudo não se diminui, nem perdeu
toda a sua força. O amor que sentira multiplicou-se e agora, entrego-o e
partilho-o com quem o aceita e cuida dele.
Por isso, só
te tenho a agradecer. Por não me teres deixado inteiro; mas sim, desfeito em
mil pedacinhos que vou distribuindo por ainda mais maravilhosas pessoas que vou
encontrando pela minha vida.
No final de
contas, não fiquei mal. Pelo contrário, fiquei melhor.
Obrigado por
teres desaparecido e deixado os pedaços de tudo todos no chão.
Obrigado por tudo e por nada. Simplesmente, um muito obrigado.
Rush
Desajeitado.
Santiago de Compostela - outubro/19
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