Tudo na vida tem os seus devidos ciclos. Tudo nasce,
desenvolve-se, vive – em todas as respetivas fases - e no final, morre. Todas
as questões inerentes à vida apresentam ciclos. O amor não é exceção…
Ele pode ser representado através de várias formas. Tanto
pela amizade, como pela paixão. Eu amo os meus amigos, mas também amo a minha
família e os vários amores que vou encontrando pela vida. Contudo, todos eles
têm que viver e morrer. Tudo tem um prazo.
Todos eles são criados também por nós. Fazemo-los nascer,
nutrimo-los, desenvolvemo-los e, chegará o dia em que temos que o matar. Por
variadas razões… Mas temos que o fazer! Para (sobre)vivermos. Para levar avante
com isto a que chamamos “vida”.
Na amizade, o amor morre porque os laços criados não se
mantêm iguais, com a mesma intensidade e importância que desde cedo podem
assumir nas nossas vidas. Poderá chegar a um ponto em que o afastamento das
duas partes finda a vida de uma amizade que outrora poderá ter sido muito
forte. Isso poderá custar tanto… Magoar da mesma forma inclusive. Ainda assim,
temos que nos despedir do que tanto nos fez bem e, no momento atual, a
positividade a que estava associada a esse tipo de amor depressa se transforma
na parte mais negativa que é ocupada nas nossas mentes.
No contexto familiar, o discurso muda… O afastamento entre
as nossas pessoas e os mais ente-queridos pode acontecer, mas muitos dos casos
as mortes literais dessas mesmas pessoas importantes no nosso crescimento
enquanto seres humanos dita o fim da vida desse amor. A pessoa em questão não está
fisicamente no Mundo e as lembranças que guardamos dela são uma ótima forma de os
sentimentos ainda persistirem. Tudo se traduz na saudade, mas com ela vem a
tristeza e não é algo positivo relembrarmos que a ausência de alguém que nos é
tão familiar persiste. Nessa altura, há que matar – de uma forma muito
específica – o amor. Talvez não na sua totalidade, mas parte dele tem que
morrer para que continuemos a poder viver.
Um outro exemplo – este talvez seja o mais óbvio – é a
paixão. Arrisco-me a afirmar que esta é realmente a mais dolorosa para nós. A
paixão dá origem ao amor. A um tipo muito específico, por sinal! Apostamos tudo
nela. Oferecemos tanto de nós a alguém que tem nas suas mãos a opção de
nutri-lo e, consequentemente, fazê-lo crescer ou então não. É tudo tão incerto
que da mesma forma que nos incentiva a apostar cada vez mais e mais, mas também
é um fator que nos amedronta e nos faz colocar um travão. No entanto, quando é
que percebemos que temos que matar esse amor? A resposta é fácil: quando numa
balança a tristeza pesa mais que a alegria que dessa relação poderá resultar. O
difícil é aceitar esta questão. É com enorme dificuldade que conseguimos
colocar na balança os devidos pesos e avaliar o quão mau ou bom é para nós.
Por isso, matem o amor! Matem tudo o que vos faça mal. Matem
enquanto tiverem forças e razões para o fazer. É preciso tornarmo-nos assassinos
dos nossos próprios amores com o objetivo de podermos viver… Ou sobreviver.
Tudo dependerá dos tipos de amor, mas também das pessoas que nela estão
envolvidos.
Os amores são para ser vividos. Os amores são para ser
mortos.
Rush
Fotografia: Tatiana Oliveira (maio/2017)
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