Olá,
Decidi escrever-vos mais uma vez, porque as saudades apertam
e sabem aquelas alturas em que mais desejamos pegar no telemóvel, ligar a
alguém com quem queremos muito falar, mas temos medo de quando atenderem o que
irão dizer? Pois. Esta é uma dessas alturas.
É uma altura tão grande que eu até tenho medo de cair!
Gostava de fazer uma reunião convosco, daqui a alguns anos. Depois do
Secundário tudo na minha vida mudou. Adorava ter-vos por cá, bem perto – a todos
e sem excepção – para vos contar tudo o que me aconteceu e decerto, que vocês
também teriam grandes histórias para me contar.
Seria engraçado, vermo-nos noutros papéis. O meu de
Geógrafo, claro! E o vossos seriam tantos: advogada, professora, educadora de
infância, militar, psicóloga, bem… Tantos e tantos papéis.
A Faculdade está a ser muito boa, é verdade. Mas, ninguém me
tira o fascínio pelo Secundário. Conheci-vos, conheci-me, conhecemo-nos. Foi um
misto de experiências vividas que eu acho que nunca ninguém experienciou, pelo
menos da mesma maneira que nós o fizemos.
Engraçado como aqui há uns dias atrás, estava eu pela baixa
do Porto e só me lembrava do que fazíamos quando íamos sair à noite. O que
gritávamos na rua, as fotografias que tirávamos, até mesmo as quedas que
tínhamos (malditos saltos altos e os paralelos desalinhados!). Tudo isso
contribuiu para sermos o que somos, hoje. Eu acho que se actualmente somos independentes
e autónomos, devemos também às experiências que juntos tivemos. Completamente…
Quando um ia abaixo, os outros iam com ele. Mas com um propósito: ajudá-lo a
levantar, no momento a seguir! O problema de um era um problema de todos e a
solução passava por nos unirmos.
Mas o tempo passou, o Secundário acabou por causa dele e
seguimos as nossas vidas. Não é que seja algo mau, porque não o é… De todo!
Embora, eu imaginasse que viveria esta fase doutra maneira. Estaríamos sempre
conectados uns aos outros, fosse por que via fosse. Contudo, o mesmo não se
verifica. Pois, uns continuaram cá no Porto, outros foram para Lisboa e ainda
alguns que já fazem planos para ir embora do país. O que é que nos aconteceu
para isto acontecer? Nós não éramos assim.
É certo que se um dia vos visse na rua, iria logo correr
para vos cumprimentar. Claro que não seria o mesmo, mas os sorrisos e as
memórias iriam manter-se. Disso tenho a certeza! E por muito mais que possamos
estar magoados uns com os outros, isso não deve ser motivo para ignorar o que
para trás foi vivido. Eram amizades tão especiais, pelo menos para mim. Guardo
cada uma no meu coração (e claro, no meu livro de memórias que vocês leram)
para que um dia, possa mesmo afirmar: “Eu tive um Secundário do caralh*!”.
Desculpem o termo, mas vocês sabem como eu sou: um destravado do pior.
Pois bem, enquanto este reencontro de todos não acontece…
Continuarei a escrever-vos, mesmo sem destinatário, porque todos sabem quem são
e o que foram na minha vida.
Até lá, desejo-vos a melhor sorte do Mundo.
Obrigado por tudo,
Rush Diva BFF
Escadaria da ESAG - abril/2014
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