Encontramo-nos, todos os dias, em
constante aprendizagem. Estejamos no nosso país ou num noutro qualquer.
Considero que neste momento, encontro-me em aprendizagem em cima de uma ponte.
Essa ponte liga-me entre dois países – que ainda que vizinhos - são muito diferentes…
Sinto um orgulho enorme do meu
país natal – Portugal – contudo, existe algo que me liga aos nuestros hermanos e me faz sentir um
pouco cosmopolita.
Aqui, em Espanha, aprendo que
todos os dias são feitos de chegadas e partidas, inícios e fins, sorrisos e
lágrimas. Sou um orgulhoso portuense que criou um afeto enorme ao paraíso
santiaguense em que me encontro. Durante o dia, na rua, sou um espanhol e à noite,
em casa, sou um português.
Tento fazer um ponto de ligação
com estas duas grandes nacionalidades, porém existem momentos de conflito em
que necessito de encontrar um equilíbrio no “portunhol” que existe em mim.
Tive a sorte de encontrar os
pesos certos que coloque a minha balança equilibrada. Eles são três e sabem bem
quem são. Um dia, em conversa com um dos meus pesos, percebi que não podemos chamar
Lar aos sítios por onde passamos, mas sim às pessoas com quem temos a alegria e
sorte de viver. Por exemplo, em Espanha tenho uns três lares e em Portugal,
mais uns quantos e é nessa colectânea de lares que me encontro. Deixo por lá umas
quantas recordações minhas e sei que também eles me deixam lembranças em mim.
Como tudo na vida, existe um
princípio e um fim. Uma caminhada é realizada todos os dias e há que saber escolher
bem as paragens e com quem ficamos. Aqui, aprendi também a saber gostar um
bocadinho mais das pessoas e a desfrutar da vida, tendo sempre a noção que nada
é eterno e que as partidas e, consequentes, despedidas acontecem. Mas, não há
mal nenhum nisso… Pelo contrário, dá-nos oportunidade de viver mais e mais,
deixando sempre um pedacinho de nós nos outros e outros deles em nós mesmos.
Armazeno, diariamente, uma
coleção de sentimentos e um turbilhão de ideias e pensamentos que me ocupam as
noites a arrumá-las. Não numa prateleira ou numa gaveta fechada a sete chaves,
mas em lugares que facilmente os posso encontrar e, com isso, encontrar-me.
Não existem palavras para o amor
que coleciono. Não há definição possível para o amor que crio e recebo. Só
gestos, simples gestos como abraços e sorrisos no intermédio de uma boa
conversa e é aí que me encontro. Sei que posso viajar pelo mundo inteiro e sei
que tenho asas suficientes para isso, mas também sei onde moro e onde criei as
raízes para que um dia, caso necessário, volte.
Até lá, vou continuando a ser uma
esponja de vivências e momentos que irão (ma)durar na minha cabeça e se irão
tornar as melhores histórias, no futuro.
Com os pés em Espanha e o coração
em Portugal, deixo aqui este texto.
Do
(mais recente) viajante do Mundo,
Rush
Santiago de Compostela. Setembro/18
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