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Arrumações


 Hoje, foi um dia de arrumações.

 Estive a organizar tudo. Desde roupas até recordações… Escusado será dizer que apareceram algumas tuas. As roupas e recordações. Parece que umas estão anexadas a outras e vice-versa.

 Deixaste cá umas camisolas amarrotadas e uns bilhetes, independentemente do que via só conseguira observar algo… Ou melhor, alguém: tu.

 Volta e meia apareces, não fisicamente. Isso seria demasiado doloroso! Mas, apareces. De uma forma ou de outra… E acabas, sempre, por dar uma volta e ir embora.

 Sabes que as camisolas ainda conservam o teu cheiro? E o teu perfume também parece que paira no ar. Principalmente, no meu quarto. Existem noites em que acordo e parece que ainda te sinto a dormir ao meu lado, na minha cama e os lençóis cheiram a ti. A recordações boas, mas tristes. Sinto saudades de quando cá vinhas, partilhávamos o meu quarto e a minha cama era o sítio ideal para as melhores conversas e promessas. As melhores… Nós éramos os melhores, porque acabamos desta forma?

 Daqui a uns dias, faz um mês que tivemos a última conversa. A última de todas, por sinal. A mais dolorosa, triste e que de maneira alguma consigo esquecer. A minha memória assombra-me, todos os dias e é com essa frequência que te relembro.

 Abria e fechava as gavetas do meu armário e estavas lá. Isso só indica o quanto presente estavas naquela altura específica da minha vida. E eu na tua. Não podemos negar que partilhamos tanto e cada vez mais me convenço disso.

 Não tínhamos segredos. Nenhuns… Não conseguíamos esconder nada um do outro, por muito tempo. Acabávamos sempre por contar tudo um ao outro. A base sempre foi a confiança, mas o que fizemos para acabar com ela? Questiono isso a mim mesmo, todos os dias.

 No final do dia, ainda não tinha arrumado nada. Assim como não o fiz contigo, na minha vida. O suposto era ter-te fechado numa gaveta a sete chaves e nunca mais abri-la, ou pelo menos para já. Mas, ela encontra-se aberta e à espera de guardar mais de ti. Mais de nós.

 Estou no chão do meu quarto, a cheirar a tua camisa. Embrulhado nos lençóis que usara quando por cá dormias, a ouvir as músicas que me fazias ouvir e a relembrar tudo. As memórias avivam-se cada vez mais em vez de se tornarem algo desfocado à medida que o tempo passa. É exatamente o contrário que acontece! Parece que a cada dia que passa sinto-te de uma forma intensa, seja de que forma for.

 Porém, sabendo disto tudo e tendo a perfeita noção do que se passou, não te posso pedir para voltares definitivamente. Eu sei que volta e meia voltas e que nos haveremos de ver, ainda assim não é o voltar que eu queria. Que eu sempre desejei e anseio a cada dia.

 Já é noite e a gaveta ainda está aberta. Queres passar por cá e ajudas-me a arruma-la?
Rush

[by @putadalma on Instagram]

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