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ROMA // AMOR

 Era hora de partir. Sem rumo traçado ou destino definido, apenas a vontade de partir era o que me movia. As pessoas questionavam-me para onde é que ia ou que iria fazer, a resposta era sempre a mesma: "Não sei". Um grande "não sei" acompanhava-me sempre nestas viagens.

 Não era questão de fugir aos problemas. Bem, talvez era... Contudo, a única certeza que tinha naquele momento é que era a altura ideal de partir. Fiz a mala, mas ao fazê-la estava sempre a pensar e a pensar. Pensar, constantemente, acerca do mesmo. O mesmo de sempre, como se costuma dizer. Recordo-me de todos os planos de viagens que fazíamos juntos e que muitas delas não chegaram a ser concretizadas. Ao que parece, decidiste fazer mais cedo o check-in e partiste sozinho. Fizeste bem... No fundo, achei que o fizeste. Mas ir sozinho não era opção, pelo menos para mim não. Planeava sempre ir contigo e tu comigo! Ao que parece, estava errado e quando dei por ela, o teu avião já tinha partido. Não me adiantava nada ter tentado parar-te ou ao avião, porque sempre me disseste que as decisões quando tomadas, não se deve voltar atrás. Deve-se esquecer o caminho, para não olhar para trás e ter vontade de voltar.

 Creio que voltar não seja algo negativo, foi o que sempre te disse. Lembras-te do que me respondias a isso? "Pois não, tens razão. Voltar não é algo negativo, mas só quando partiste de onde estavas, viajaste para o desconhecido e voltas à casa de partida. Com as ideias arrumadas e pronto para mais uma partida". Calavas-me sempre com essa frase... Com essa frase e com os teus beijos. De uma maneira ou de outra, era quase impossível debater este assunto contigo.

 Talvez tenhas razão quanto a essa tua teoria. Embora, mesmo que a tenhas, não te poderei dizer - visto que não sei onde fica o teu atual desconhecido. Quanto ao teu não sei, mas o meu tem que ser uma capital europeia. Quero estar num sítio onde possa aprender. Sim, sobretudo isso. Aprender!

 Deverei voltar com uns quilos a mais, com as ideias no sítio certo, com o coração curado. Escolho Roma sempre pensar duas vezes. Já fui lá sim, inclusive contigo. Mas voltar à casa de partida sozinho é diferente. Suponho eu que esta seja a casa de partida, porque se não for - então terei que fazer mais viagens ao desconhecido. Não me importo nada, visto que para um geógrafo é um alimento para a alma. E a minha está tão raquítica, nesse sentido.

 Enfim, é hora de partir. Tenho que deixar estes pensamentos de lado e procurar uns novos, durante a viagem. Não me vou despedir de ti, porque escrevo neste postal sem um endereço destinatário. Culpa tua de não me dares notícias!

 Vou desejar uma boa viagem a mim próprio e despedir-me daquele rapaz que vou deixar aqui. Sentado no banco do aeroporto a pensar demais sobre a vida.

 O avião deve estar mesmo a descolar, tenho que me apressar!

 Boa viagem, Rush!

 P.S.: Aprende bastante em Roma.

Rush

Comentários

  1. Com base em quê é tu achas que tens direito de falar sobre o amor? Logo tu, que além de ser um ser vivo frio e calculista, tu não dás hipótese de amar, ou pelo menos tentar. Falas tanto da solidão e blá blá, no entanto, quem acaba por afastar as pessoas és tu...

    Pensa antes de escrever. Ninguém tira o mérito de que sabes escrever.

    Anónimo

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Em certa parte compreendo o teu comentário. Agradeço por o teres feito, contudo com que base é que o afirmas? É necessário conhecer (bem) as pessoas para o fazer. Peço também desculpa pela resposta tardia, mas só agora é que acabei de o ver.
      Anyway, obrigado por leres o texto! :)

      Eliminar

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