Sem ter uma linha de pensamento consumista ou fútil… Hoje,
pensei na vida como uns sapatos. Uns bons sapatos que adquirimos, mas que com o
tempo precisam de ser cuidados, senão estragam-se com uso.
A vida pode ser associada a uma caminhada e nós usamos os
sapatos para caminhar. Vemos a sola gastar-se com o tempo e, provavelmente, um
dia acabará por se furar. No fundo, porque os usamos demais e não lhes demos
descanso… Vivemos tão intensamente com eles que nos acabamos por esquecer que
também precisamos de descansar! É um ritmo alucinante que nos consome.
Caminhamos sem um fim traçado. Sem destino definido. E é ao
longo dessa viagem inesperada que conhecemos pessoas. As mais fantásticas que
podemos algum dia vir a conhecer! E eis que criamos laços… Que podem bem ser
simbolizados pelos atacadores. Ora cada nó dado, cada pessoa com quem nos
relacionamos! Já tenho alguns nós feitos e bem… Outros até desfeitos, mas no
fundo posso vir a recuperá-los. Não exatamente da mesma forma, porque o laço no
final pode ficar maior ou mais pequeno, mas - pelo menos - consigo reatar
alguns nós.
E os arranhões ou marcas que podem aparecer na pele do
sapato? Algumas são bem complicadas de se disfarçar ou até mesmo esconder –
isto, se possível – contudo, elas estão lá. Simbolizam história! Alguns
episódios mais importantes das nossas vidas, podem ser marcados por isso mesmo…
Marcas! Uma redundância que poderá ter a sua lógica. Não preciso explicar mais
nada, apenas afirmo que tal como os sapatos, nós também temos as nossas marcas
visíveis.
Pensando bem, nem todos os sapatos têm reforços por dentro…
Alguns sim, principalmente os da chuva, mas outros são tão frágeis que o tecido
rasga-se facilmente. É complicado, sobretudo quando passamos por alturas em que
os sapatos podiam ser mais resistentes a certas situações e não rasgar logo.
Mas a vida é assim, inesperada.
Não nos podemos esquecer que há sapatos com cores mais vivas
do que outros. Uns brilham, outros são mais baços. Uns são mais curvos, outros
mais retos. Mas no fundo, cada um com as suas características que podem
encantar ou não, quem os usará.
Visto deste prisma, até os sapatos podem contar a história
de uma pessoa. Provavelmente, quem os tiver mais sujos, deverá ter uma vida
agitada em que o tempo é escasso e tudo se baseia numa cansativa correria! Ou
então, não. Quem os tiver sempre a brilhar e em perfeitas condições, das duas
uma: ou tempo é algo que não é escasso ou a imagem é tudo. Talvez um misto das
duas também não seja uma teoria a descartar.
Agora que penso nisto tudo, tenho os meus ténis e sapatos
(quase) todos um pouco descuidados. Solas gastas, tecidos furados, atacadores
trocados… Mas considero a minha vida assim. Tem dias que me desgasta, outros
que os meus planos saem todos furado e já para não falar das trocas e baldrocas
que alguns dias me obrigam a fazer.
Não é por mal, mas acredito que também não seja por bem eu
mantê-los assim.
Como se diz: “é a vida…”!
Como se diz: “é a vida…”!
E eu não posso estar sempre a olhar para baixo, a cabeça tem
que estar erguida. Se notarem os vossos sapatos um pouco descuidados e não
tiverem tempo de os limpar ou trocar, não se preocupem demais. Irão haver mais
oportunidades para tratarem da vossa vida.
Rush
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