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Mensagens

ROMA // AMOR

 Era hora de partir. Sem rumo traçado ou destino definido, apenas a vontade de partir era o que me movia. As pessoas questionavam-me para onde é que ia ou que iria fazer, a resposta era sempre a mesma: "Não sei". Um grande "não sei" acompanhava-me sempre nestas viagens.  Não era questão de fugir aos problemas. Bem, talvez era... Contudo, a única certeza que tinha naquele momento é que era a altura ideal de partir. Fiz a mala, mas ao fazê-la estava sempre a pensar e a pensar. Pensar, constantemente, acerca do mesmo. O mesmo de sempre, como se costuma dizer. Recordo-me de todos os planos de viagens que fazíamos juntos e que muitas delas não chegaram a ser concretizadas. Ao que parece, decidiste fazer mais cedo o check-in e partiste sozinho. Fizeste bem... No fundo, achei que o fizeste. Mas ir sozinho não era opção, pelo menos para mim não. Planeava sempre ir contigo e tu comigo! Ao que parece, estava errado e quando dei por ela, o teu avião já tinha partido. Não me

A vida como sapatos

 Sem ter uma linha de pensamento consumista ou fútil… Hoje, pensei na vida como uns sapatos. Uns bons sapatos que adquirimos, mas que com o tempo precisam de ser cuidados, senão estragam-se com uso.  A vida pode ser associada a uma caminhada e nós usamos os sapatos para caminhar. Vemos a sola gastar-se com o tempo e, provavelmente, um dia acabará por se furar. No fundo, porque os usamos demais e não lhes demos descanso… Vivemos tão intensamente com eles que nos acabamos por esquecer que também precisamos de descansar! É um ritmo alucinante que nos consome.  Caminhamos sem um fim traçado. Sem destino definido. E é ao longo dessa viagem inesperada que conhecemos pessoas. As mais fantásticas que podemos algum dia vir a conhecer! E eis que criamos laços… Que podem bem ser simbolizados pelos atacadores. Ora cada nó dado, cada pessoa com quem nos relacionamos! Já tenho alguns nós feitos e bem… Outros até desfeitos, mas no fundo posso vir a recuperá-los. Não exatamente da mesma forma

O Teu Lugar

[NOTA: Este texto é uma sequela do Até que a morte nos (re)una ] Era suposto estares aqui comigo. A uma hora destas da noite e eu sem ti. Pelos menos, fisicamente...  Mas eu sei que o que nós tínhamos não era suposto ser algo que existisse no plano térreo, mas sim algo que respirasse para além disso. Algo que não se explicasse cá, mas lá! Alimentado pelas nossas almas - que juntas eram uma só; mas também pela força do nosso Amor. Havia qualquer elo de ligação entre nós que não era deste Mundo. Aliás, não conseguia pertencer a nenhum Mundo... Excepto ao nosso.  Partiste mais cedo do que era suposto e nada disso estava planeado... Não por nós, mas pelo Destino. Esse sim é que deve ser o culpado. Malvado que és!  Estou deitada na cama, são 4h da madrugada e as insónias apoderam-se de mim. Horrível sensação esta que me toma a alma e a enfraquece cada vez mais. Eu não posso deixar que isto aconteça. Virei-me para o lado e apercebo-me que, agora, divido a cama com alguém. Não é o amo

Desliga(-te)

 Depois de tanto tempo... Porquê? É a única pergunta que me passa pela cabeça, vezes sem conta. Foi muito estranho ver o telemóvel tocar e ler o teu nome no visor. Passado tantos anos, decidiste que afinal foi um erro separarmos-nos?     Mas, eu não tive coragem de te atender. Não depois do que passámos. Das histórias que vivemos - que passaram de verdadeiros contos de fadas para um triste drama. Embora nunca te tenha esquecido e de ter sentido, todos os dias, a tua falta, senti que não deveria nem poderia voltar atrás. No fundo, seria isso: um regressar a algo que outrora me magoou muito.   É muito mau recordar algo - com as lágrimas nos olhos - que nos fez sorrir tanto um dia. Magoaste-me, sem dó nem piedade e seria muito injusto da tua parte querer voltar a jogar esse jogo comigo. De novo. Um contra o outro. Eu até era capaz de aceitar o convite, mas não seria um jogo justo. Tu terias (como sempre tiveste) as armas todas ao teu alcance e eu não. Desde o primeiro momento que e

E agora...?

 Tenho algo para te contar. Posso começar com uma pergunta? Se a tua resposta for afirmativa, vou avançar.  Ok… Cá vai: E se eu achasse que o que sinto por ti, não é só amizade? Estaria talvez a investir na relação mais improvável do Mundo. Mas… E se acontecesse? Afastarias-te de mim? Eu espero estar só confuso. Espero que o sentimento que nutro por ti, seja confusão. Espero que o muro que construí à volta das minhas vivências e sentimentos não se desmorone e que eu me mantenha fiel às minhas convicções. Espero isso tudo. Espero também o contrário.  Eu não queria. Aliás, eu não quero pensar que isto seja até real. O meu desespero começa a preocupar-me, quando me questiono se o que sinto por ti é e sempre será amizade. Não queria estragar o que vivemos e temos guardado para trás, da nossa maravilhosa e única amizade. Mas, durante estes meses todos em que estive afastado de ti, eu senti falta. Senti mesmo muita. Senti tanta que não sei mais o que sentir em relação a isto. Desc

Carta (Não) Endereçada

 Olá,  Eu sei, até parece parvo. Estivemos juntos nem faz meia hora e já te estou a redigir uma carta. Acho até que ainda sinto o sabor do café quente que tomaste, assim que acordaste, nos meus lábios do beijo de “bom dia” que me deste.  Mas o que é que queres? Não consigo evitar… É mais forte que eu. Desculpa… Não só pela carta, mas também pelo que sou. Admito que sou “complicado” ou… Talvez não. Ok, desculpa pela minha bipolaridade. Eu sei que, por vezes, te irrita. Desculpa o meu mau-humor matinal, o cabelo desgrenhado, os olhares tristes, os abraços inesperados, a carência eterna, a preocupação exagerada, o medo de te perder e de me perder, assim que te perca. Desculpa por estar sempre a dizer desculpa. Desculpa também por isso.  Upps… Fi-lo de novo. Sou eu que te estou a escrever esta carta, conheces-me melhor do que ninguém e tu sabes o quanto importante isto é para mim – não só o facto de te escrever cartas (quase) todos os dias, mesmo dividindo a cama contigo, toda

Uma Boa Conversa

Não há nada mais erótico que uma boa conversa, não é? E as nossas conversas tinham tanto efeito em ti.  Não me acredito que fosse só do champagne , ou então da mistura com o tabaco que te deixavam louco. Mas as nossas conversas ajudavam imenso… Eram as melhores, admite!  Eu gostava disso, aliás ainda gosto. Gosto da ideia de poder manipular o teu imaginário e fazer-te levar a locais que nunca foste, fazer o que jamais imaginavas - algum dia – fazer. Onde querias que te levasse, eu levava. Como se tudo tratasse de uma espécie de hipnotismo que erotizava tudo e mais alguma coisa. Como se de Álvaro de Campos, na sua "Ode Triunfal” – quando este erotiza máquinas de fábricas – nos tratássemos.  Era isto. É isto que nos falta. Falar. Podem ser frases curtas, mas é isso que precisamos. Ou melhor, precisávamos.  O amor já era bom, o sexo ainda melhor… Mas os dois juntos eram a combinação perfeita. Claro que contigo. Porque tudo se resumia a ti. Simplesmente tu, só tu e so